sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Estudo do Salmo Primeiro


O Primeiro Salmo

            Salmo, é uma palavra que vem do hebraico: “Sepher Tehilim” (livro de louvores). Posteriormente passaram a ser chamados “Salmos”, por serem cantados ao som de um instrumento que os gregos chamavam de “saltério”. Os salmos eram cânticos especiais para os dias ou ocasiões festivos, de vitórias, de modo que, salmos podem ser usados tanto como louvor congregacional, como para devoção particular. Muitos usam o livro de salmo, infelizmente como um “amuleto”. Quem nunca chegou  num lar e estava lá a Bíblia, muitas vezes empoeirada até, mas aberta no salmo 91? Bom mas isso é outro assunto, o nosso propósito hoje, é aprender o recado que Deus quer passar para nós, contido nas belas linhas do salmo primeiro. Este salmo enfoca uma bênção que é dada a um servo por seu comportamento adequado e seu amor a “torá” (lei) do Senhor.
1. O Bem Aventurado
           O povo de Deus não vive apenas de uma maneira distinta do mundo, mas também proíbe que o sistema de valores invertidos do mundo tenha controle sobre sua vida. A mensagem deste salmo, trazendo para aplicação em nosso ministério, vida, testemunho, enfim, é que não conduzamos nossas vidas de acordo com o que o mundo faz, não participemos de atividades ilícitas ou duvidosas. Como povo de Deus, devemos viver de modo diferente do mundo, amém?
2. Os Três “Não”
2.1 – Não andar
O verbo usado aqui no hebraico é halakh que significa “ir, caminhar, andar, passar. Este verbo, bem como os outros dois que o seguem estão no passado, logo a tradução ficaria:
“Bem aventurado aquele que não andou….”
2.2 – Não deter-se
O verbo usado aqui é amad  que signifca  “parar, estacionar-se, deter-se. O tempo conforme mostramos acima está no pretérito, levando para uma ação já concluída.
2.3 – Não assentar-se
Temos o verbo hebraico yashav  que significa  sentar-se, permanecer, habitar” O tempo do verbo é o mesmo mencionado acima (pretérito).
A tradução ficaria assim:  Bem aventurado aquele homem que não assentou-se.



3 - Os Três Perigos
3.1 – O conselho dos ímpios
Podemos afirmar que o ímpio para o hebreu era aquele que se condenava em algo, mesmo sabendo que aquilo que ele fazia era errado. O conselho dos ímpios fala da comunhão com o mundo, com as “trevas”, com aqueles que conscientemente caminham para a perdição.
3.2 – O caminho dos pecadores
Quando o salmista refere-se ao “caminho dos pecadores” cremos que ele tem em mente o caminho daqueles que estão em erro ou errados, ou seja, estão em pecado. Eles estão desviados do alvo, que é o termo teológico para a definição de pecado. Devemos tomar o cuidado para não parar ou estacionar neste caminho.
3.3 – A roda dos escarnecedores
No original dá a seguinte ideia: “estão escarnecendo, estão sendo frívolos”. Frívolo quer dizer “sem importância, sem valor”. São os que zombam do evangelho, da igreja, da Palavra de Deus. O servo de Deus, a menos que seja seu local de trabalho, ou num evangelismo, deve evitar este local. Os filhos de Corá, ao escreverem o salmo 42 afirmam o que Davi quer enfatizar aqui: um abismo chama outro abismo. (Salmo 42,7a).

4 - Duas características do servo
4.1 – O seu prazer
O verso diz: “O seu desejo está na lei do Senhor”.
O maior prazer que o judeu fiel tinha era estar junto de sua “Toráh”. Uma das primeiras coisas que uma criança judia aprendia a falar era o “Shemá” : “Shemá Ysrael, Adonay Elocheinu, Adonay echad”  ou: Ouve pois, ó Israel, e atenta que os guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o Senhor Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. (Deuteronômio 6,3). Os pais quando estavam ensinando a “torá” para seus filhos, (e eles a aprendiam), davam mel para eles. Desse modo, eles associavam que a Palavra do Eterno era doce como o mel (Salmo 119.103). Assim eles tinham prazer em aprender a lei do Senhor.
4.2 – O meditar
O texto diz: “… E na lei do Senhor medita dia e noite”. É a descrição positiva daquilo que é o deleite do servo de Deus. O salmista está afirmando que Deus prova e abençoa o servo que medita (exame interior), fala, pensa, estuda a sua Palavra de dia e noite. A expressão dia e noite além de especificar um tempo, pode também caracterizar tipologicamente, luta e vitória, assim como monte e vale. Todavia, só será abençoado o servo que meditar na Palavra do Senhor tanto nas lutas, quanto na vitória, quer no monte, quer no vale, amém?
5. Os Dois Exemplos
5.1 O exemplo do servo justo
I) É comparado a uma árvore:
a) plantada - O verbo no original está no particípio e entendemos que o Eterno é quem a plantou.
b) junto as correntes de água - Irmão, você já parou para pensar o que significa esta expressão: “plantada junto a ribeiros de águas”? Muitos pensam que o termo “águas” é uma alusão as Escrituras. Mas não o é. Aqui se refere ao mundo (sistema), e esta árvore (humanidade) foi plantada à parte, separada das águas (alusão ao mundo), ou seja, a Obra do Senhor (igreja) constitui-se uma facção, uma parte de homens e mulheres que tomaram outro rumo – seguir a Cristo! Aleluia! Estamos no mundo, mas não pertencemos a ele. Somos cidadãos de outro país! Leiamos Efésios 2,19: Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; 

c) dá o seu fruto, na estação própria.
Aqui vemos um retrato “perfeito” do servo do Senhor. O homem dirigido pelo Espírito Santo não dá fruto fora de hora, mas no tempo determinado, na estação própria.
d) cuja folha não cai
Além de ser uma árvore que só dá fruto na ocasião própria, o servo é também um tipo de árvore cuja folha não murcha ou seca. Isto implica em dizer que esta árvore não sente as mudanças climáticas.
5.2 – O exemplo dos ímpios
I) A moinha, que significa “palha cortada em pedaços, escória de cereais, pragana”. Se o ímpio é como a moinha, deduzimos que o ímpio é um ser leve, sem consciência espiritual, vazio, verdadeiramente como diz a letra de Jair Pires:
Eu comparo a vida de um homem sem Deus,
Uma folha seca Caída no chao.
Que vai para onde o vento levar,
Tudo é tristeza, tudo é solidão
Teu viver é triste, tão cheio de dor,
Seus dias provados, sem consolação
Assim é a vida de um homem sem Deus,
É uma folha seca caída no chao.
É uma folha seca caída no chao,
Que vai para onde o vento levar
Assim é a vida de um homem sem Deus
Pobre miserável só pensa em pecar
Assim é a vida de um homem sem Deus,
É uma folha seca caída no chão...
6. Os Três Futuros
6.1 – O futuro do justo – “E tudo quando fizer prosperará”
6.2 – O futuro do ímpio – “Não subsistirão no juízo”
O ímpio não poderá ao menos se levantar no dia do juízo.
6.3 – O futuro do pecador – “Não subsistirão na congregação dos justos”
O salmista está afirmando que os pecadores não comporão o adorno, joia dos justos (sentido figurado da salvação, promessas, dons, etc.). Sendo assim, não serão reconhecidos pelo Senhor, e serão espalhados pelo horizonte afora.
7 - Os Dois Caminhos
7.1 – O caminho do justo – “É conhecido pelo Senhor”
7.2 – O caminho do ímpio – “conduz à ruína”
Entendemos que o caminho do ímpio conduz a perdição e a destruição (Apocalipse 20.11,15), enquanto que o caminho dos justos é conhecido pelo Todo Poderoso.

8 – Conclusão
Este Salmo, provavelmente, foi composto como uma Introdução ao Saltério. Cristaliza a crença, que tão frequentemente é expressa na coleção de poemas que se seguem, como também no livro dos Provérbios (por exemplo, Provérbios 2.12,20; Provérbios 4.14,18) e em muitas declarações de Cristo (por exemplo, Mateus 7.13,14; 24-27), de que os homens dividem-se em dois tipos ou classes: Os piedosos e os ímpios. (logo, entendemos que piedoso vem de piedade: Sentimento de compaixão pelo sofrimento dos outros; e ímpio vem de impiedade mesmo, que significa: Falta de piedade, de respeito e amor a Deus e aos homens). O comportamento de qualquer homem deve, pois, seguir uma de duas direções e aproximar-se de um dos dois padrões. A diferença entre eles, em forma e valor, é expressa nas figuras da árvore e da moinha: a divergência do seu caráter e do seu destino é declarada em termos de uma edificação constante ou de uma completa ruína. É, em parte, por esta razão que o segundo Salmo se considera muitas vezes associado com o primeiro, ambos sendo considerados como introdutórios porque ambos tratam de um assunto básico no Saltério, o comportamento e o destino dos homens bons e dos maus.
O caminho do homem piedoso é considerado neste poema, em primeiro lugar, por um reconhecimento das diferenças progressivas entre ele e o ímpio: não anda no conselho deles, isto é, não adota os seus princípios; não se detém no seu caminho, isto é, não imita as suas práticas do mal; nem se assenta em comunhão com eles, isto é, não toma o propósito de escolhê-los como seus associados. A vida piedosa, nos seus aspectos positivos caracteriza-se por uma concentração na lei, referindo-se aqui à vontade de Deus revelada. A qualidade desta vida é como a de uma árvore crescendo junto a um curso perene de água que produz abundante fruto por causa daquele sustento oculto, mesmo quando os ventos quentes ressecam tudo o mais: Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto. Jeremias 17,8: Aquela vida que não tem raiz, e que não tem absorvido energia dos recursos de Deus, não é mais do que moinha, tão leve e sem valor que o vento do Espírito rapidamente espalha e dispersa. Não subsistirão (5). Note-se o contraste disto com a posição daqueles que, no vers. 1, não andam segundo o conselho dos ímpios. O Senhor conhece (6); isto é, tem interesse nos justos e observa-os.

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