O Primeiro Salmo
Salmo, é uma palavra que vem do hebraico:
“Sepher Tehilim” (livro de louvores). Posteriormente passaram a ser chamados
“Salmos”, por serem cantados ao som de um instrumento que os gregos chamavam de
“saltério”. Os salmos eram cânticos especiais para os dias ou ocasiões
festivos, de vitórias, de modo que, salmos podem ser usados tanto como louvor
congregacional, como para devoção particular. Muitos usam o livro de salmo,
infelizmente como um “amuleto”. Quem nunca chegou num lar e estava lá a Bíblia, muitas vezes
empoeirada até, mas aberta no salmo 91? Bom mas isso é outro assunto, o nosso
propósito hoje, é aprender o recado que Deus quer passar para nós, contido nas
belas linhas do salmo primeiro. Este salmo enfoca uma bênção que é dada a um
servo por seu comportamento adequado e seu amor a “torá” (lei) do Senhor.
1. O Bem Aventurado
O povo de Deus não vive apenas de uma maneira
distinta do mundo, mas também proíbe que o sistema de valores invertidos do
mundo tenha controle sobre sua vida. A mensagem deste salmo, trazendo para
aplicação em nosso ministério, vida, testemunho, enfim, é que não conduzamos
nossas vidas de acordo com o que o mundo faz, não participemos de atividades
ilícitas ou duvidosas. Como povo de Deus, devemos viver de modo diferente do
mundo, amém?
2. Os Três “Não”
2.1 – Não andar
O verbo usado aqui no hebraico é halakh que significa “ir, caminhar,
andar, passar. Este verbo, bem como os outros dois que o seguem estão no
passado, logo a tradução ficaria:
“Bem aventurado aquele que não andou….”
2.2 – Não deter-se
O verbo usado aqui é amad que
signifca “parar, estacionar-se, deter-se.
O tempo conforme mostramos acima está no pretérito, levando para uma ação já
concluída.
2.3 – Não assentar-se
Temos o verbo hebraico yashav que
significa sentar-se, permanecer,
habitar” O tempo do verbo é o mesmo mencionado acima (pretérito).
A tradução ficaria assim: Bem
aventurado aquele homem que não assentou-se.
3 - Os Três Perigos
3.1 – O conselho dos ímpios
Podemos afirmar que o ímpio para o hebreu era aquele que se condenava
em algo, mesmo sabendo que aquilo que ele fazia era errado. O conselho dos
ímpios fala da comunhão com o mundo, com as “trevas”, com aqueles que
conscientemente caminham para a perdição.
3.2 – O caminho dos pecadores
Quando o salmista refere-se ao “caminho dos pecadores” cremos que ele
tem em mente o caminho daqueles que estão em erro ou errados, ou seja, estão em
pecado. Eles estão desviados do alvo, que é o termo teológico para a definição
de pecado. Devemos tomar o cuidado para não parar ou estacionar neste caminho.
3.3 – A roda dos escarnecedores
No original dá a seguinte ideia: “estão escarnecendo, estão sendo
frívolos”. Frívolo quer dizer “sem importância, sem valor”. São os que zombam
do evangelho, da igreja, da Palavra de Deus. O servo de Deus, a menos que seja
seu local de trabalho, ou num evangelismo, deve evitar este local. Os filhos de
Corá, ao escreverem o salmo 42 afirmam o que Davi quer enfatizar aqui: um
abismo chama outro abismo. (Salmo 42,7a).
4 - Duas características do servo
4.1 – O seu prazer
O verso diz: “O seu desejo está na lei do Senhor”.
O maior prazer que o judeu fiel tinha era estar junto de sua “Toráh”.
Uma das primeiras coisas que uma criança judia aprendia a falar era o “Shemá” :
“Shemá Ysrael, Adonay Elocheinu, Adonay echad” ou: Ouve pois, ó Israel, e atenta que os
guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o
Senhor Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. (Deuteronômio 6,3). Os
pais quando estavam ensinando a “torá” para seus filhos, (e eles a aprendiam), davam
mel para eles. Desse modo, eles associavam que a Palavra do Eterno era doce
como o mel (Salmo 119.103). Assim eles tinham prazer em aprender a lei do Senhor.
4.2 – O meditar
O texto diz: “… E na lei do Senhor medita dia e noite”. É a descrição
positiva daquilo que é o deleite do servo de Deus. O salmista está afirmando
que Deus prova e abençoa o servo que medita (exame interior), fala, pensa,
estuda a sua Palavra de dia e noite. A expressão dia e noite além de
especificar um tempo, pode também caracterizar tipologicamente, luta e vitória,
assim como monte e vale. Todavia, só será abençoado o servo que meditar na Palavra
do Senhor tanto nas lutas, quanto na vitória, quer no monte, quer no vale,
amém?
5. Os Dois Exemplos
5.1 O exemplo do servo justo
I) É comparado a uma árvore:
a) plantada - O verbo no original está no particípio e entendemos que o
Eterno é quem a plantou.
b) junto as correntes de água - Irmão, você já parou para pensar o que
significa esta expressão: “plantada junto a ribeiros de águas”? Muitos
pensam que o termo “águas” é uma alusão as Escrituras. Mas não o é. Aqui se
refere ao mundo (sistema), e esta árvore (humanidade) foi plantada à parte,
separada das águas (alusão ao mundo), ou seja, a Obra do Senhor (igreja)
constitui-se uma facção, uma parte de homens e mulheres que tomaram outro rumo
– seguir a Cristo! Aleluia! Estamos no mundo, mas não pertencemos a ele. Somos
cidadãos de outro país! Leiamos Efésios 2,19: Assim
que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da
família de Deus;
c) dá o seu fruto, na estação própria.
Aqui vemos um retrato “perfeito” do servo do Senhor. O homem dirigido
pelo Espírito Santo não dá fruto fora de hora, mas no tempo determinado, na
estação própria.
d) cuja folha não cai
Além de ser uma árvore que só dá fruto na ocasião própria, o servo é
também um tipo de árvore cuja folha não murcha ou seca. Isto implica em dizer
que esta árvore não sente as mudanças climáticas.
5.2 – O exemplo dos ímpios
I) A moinha,
que significa “palha cortada em pedaços, escória de cereais, pragana”. Se o
ímpio é como a moinha, deduzimos que o ímpio é um ser leve, sem consciência
espiritual, vazio, verdadeiramente como diz a letra de Jair Pires:
Eu comparo a vida de um homem sem Deus,
Uma folha seca Caída no chao.
Que vai para onde o vento levar,
Tudo é tristeza, tudo é solidão
Teu viver é triste, tão cheio de dor,
Seus dias provados, sem consolação
Assim é a vida de um homem sem Deus,
É uma folha seca caída no chao.
Uma folha seca Caída no chao.
Que vai para onde o vento levar,
Tudo é tristeza, tudo é solidão
Teu viver é triste, tão cheio de dor,
Seus dias provados, sem consolação
Assim é a vida de um homem sem Deus,
É uma folha seca caída no chao.
É uma folha seca caída no chao,
Que vai para onde o vento levar
Assim é a vida de um homem sem Deus
Pobre miserável só pensa em pecar
Assim é a vida de um homem sem Deus,
É uma folha seca caída no chão...
Que vai para onde o vento levar
Assim é a vida de um homem sem Deus
Pobre miserável só pensa em pecar
Assim é a vida de um homem sem Deus,
É uma folha seca caída no chão...
6. Os Três Futuros
6.1 – O futuro do justo – “E tudo quando
fizer prosperará”
6.2 – O futuro do ímpio – “Não subsistirão
no juízo”
O ímpio não poderá ao menos se levantar no dia do juízo.
6.3 – O futuro do pecador – “Não subsistirão
na congregação dos justos”
O salmista está afirmando que os pecadores não comporão o adorno, joia
dos justos (sentido figurado da salvação, promessas, dons, etc.). Sendo assim,
não serão reconhecidos pelo Senhor, e serão espalhados pelo horizonte afora.
7 - Os Dois Caminhos
7.1 – O caminho do justo – “É conhecido
pelo Senhor”
7.2 – O caminho do ímpio – “conduz à ruína”
Entendemos que o caminho do ímpio conduz a perdição e a destruição (Apocalipse
20.11,15), enquanto que o caminho dos justos é conhecido pelo Todo Poderoso.
8 – Conclusão
Este Salmo,
provavelmente, foi composto como uma Introdução ao Saltério. Cristaliza a
crença, que tão frequentemente é expressa na coleção de poemas que se seguem,
como também no livro dos Provérbios (por exemplo, Provérbios 2.12,20; Provérbios
4.14,18) e em muitas declarações de Cristo (por exemplo, Mateus 7.13,14; 24-27),
de que os homens dividem-se em
dois tipos ou classes: Os piedosos e os ímpios. (logo, entendemos que
piedoso vem de piedade: Sentimento de compaixão pelo sofrimento dos outros; e
ímpio vem de impiedade mesmo, que significa: Falta de piedade, de respeito e amor a
Deus e aos homens). O comportamento de qualquer homem deve, pois, seguir uma de
duas direções e aproximar-se de um dos dois padrões. A diferença entre eles, em
forma e valor, é expressa nas figuras da árvore e da moinha: a divergência do seu
caráter e do seu destino é declarada em termos de uma edificação constante ou
de uma completa ruína. É, em parte, por esta razão que o segundo Salmo se
considera muitas vezes associado com o primeiro, ambos sendo considerados como
introdutórios porque ambos tratam de um assunto básico no Saltério, o
comportamento e o destino dos homens bons e dos maus.
O caminho
do homem piedoso é considerado neste poema, em primeiro lugar, por um
reconhecimento das diferenças progressivas entre ele e o ímpio: não anda no
conselho deles, isto é, não adota os seus princípios; não se detém no seu
caminho, isto é, não imita as suas práticas do mal; nem se assenta em comunhão
com eles, isto é, não toma o propósito de escolhê-los como seus associados. A
vida piedosa, nos seus aspectos positivos caracteriza-se por uma concentração
na lei, referindo-se aqui à vontade de Deus revelada. A qualidade desta vida é
como a de uma árvore crescendo junto a um curso perene de água que produz
abundante fruto por causa daquele sustento oculto, mesmo quando os ventos
quentes ressecam tudo o mais: Porque será como a árvore plantada junto às
águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o
calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa
de dar fruto. Jeremias 17,8: Aquela vida que não tem raiz, e que não tem
absorvido energia dos recursos de Deus, não é mais do que moinha, tão leve e
sem valor que o vento do Espírito rapidamente espalha e dispersa. Não
subsistirão (5). Note-se o contraste disto com a posição daqueles que, no vers.
1, não andam segundo o conselho dos ímpios. O Senhor conhece (6); isto é, tem
interesse nos justos e observa-os.
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