terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Medo cega

Assim diz a Palavra de Deus: Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um, lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde as cidades. E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se dela, curou os seus enfermos. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer. Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes vós de comer. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. E ele disse: trazei-mos aqui. Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças. Mateus 14.13,21.
Ao começarmos a ler este texto bíblico, algo de curioso nos vem à mente: Por que Jesus pegaria um barco e se retirara para um lugar deserto, imediatamente após a decapitação de João Batista? Teria ficado o Mestre temeroso com o que ocorrera? Claro que não. Ele retirou-se da Galiléia, não por temer a Herodes, mas sim, para evitar um conflito prematuro entre ambos, haja vista, Herodes já sabia da fama de Jesus. Além do mais, Sua morte ocorreria segundo a vontade e o plano de Deus, não pela vontade de um simples mortal. O medo, ao qual quero me referir, é no tocante aos discípulos de Jesus.
Não foi exatamente isso que estava ocorrendo aos discípulos? Além de outras coisas um tanto quanto asquerosas também, tais como: falsidade, desamor, perda do foco, incredulidade. Quando confiamos inteiramente no Senhor, falamos que Ele é o nosso pastor, e nada nos faltará, não podemos fazê-lo só de boca, mas de alma, de espírito, enfim completamente. Há um paralelo entre esta passagem neotestamentária e o Antigo Testamento. Se encontra no 2º livro de Reis, capítulo 4.42,44. Vejamos: Um homem veio de Baal-Salisa, trazendo ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes no seu alforje. Eliseu disse: Dá ao povo, para que coma. Disse, porém, seu servo: Como hei de pôr isto diante de cem homens? Ao que tornou Eliseu: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o Senhor: Comerão e sobejará. Então lhos pôs diante; e comeram, e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor. Embora em proporções diferentes, é claro, (vinte pães para cem homens), encontramos aqui, o mesmo fato lamentável diante do qual Jesus também estava. Mas como Eliseu, Jesus também ordena que os seus discípulos, (no caso de Eliseu, o seu moço), dessem ao povo de comer, não obstante a pequena quantidade de víveres para um tão grande número de pessoas. Temos que ter cuidado, irmãos, pois a cegueira espiritual tem levado muitos de nós à ruína, em todos os sentidos. Temos deixado de ver as coisas com os olhos espirituais, para vê-las com os olhos naturais. A cegueira espiritual, leva ao medo, leva também à falta de fé. Se eu questioná-los sobre o que é fé, muitos revelarão, quase que com certeza, o texto de Hebreus 11,1: Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Amém por isso, mas fé é algo muito mais, é aceitar Deus como Ele se manifesta em sua Palavra, e aceitar sua Palavra como muito valiosa. Há um dito popular assim: a fé ri das impossibilidades, eu não sei de quem é a autoria, mas concordo que há muito sentido nisso. Não há nada impossível na vida daquele que tem fé. Deus tem recursos ilimitados para todos aqueles que Lhe obedecem, (Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra; Isaías 1,19). O medo de que não teremos algo insulta a Deus, que tem se revelado “Jeovah-Jireh”, ou seja, nosso Deus Provedor. Não sejamos como o moço de Eliseu, nem tampouco como os discípulos, devemos crer incondicionalmente, mesmo quando tudo diz que não. Creiamos que Deus é capaz de atender às nossas necessidades, mesmo quando nós não temos ideia de como o faremos. Tenhamos sempre em mente que Deus promete cuidar de seu povo mesmo em meio às crises. Isto também se aplica ao mundo espiritual; os recursos espirituais de Deus são ilimitados, mesmo em tempo de aridez espiritual, como, infelizmente, temos visto nestes dias. Não se espantem com o que vou dizer irmãos: Os discípulos foram hipócritas sim, e a Bíblia, não nos esconde nada. Revelou o pecado de Davi, de Salomão, revelou que Pedro negou a Cristo, entre muitas outras verdades, (a tua palavra é a verdade. João 17:17b). Eles, assim como Geazi, agiram de falsidade para com aquela multidão faminta. Na verdade, o sentimento que havia neles era medo. Lembram-se da causa de Jesus ter saída da Galiléia? Pois foi por isso mesmo: Eles temiam o fato recente da decapitação de João Batista, além disso, temiam a fúria de um povo numeroso e faminto, mas Jesus não, Ele se compadeceu deles, depois de ter curado a muitos, ainda os alimentou, Glória a Deus. O discurso deles até que era bonito: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer, (Mateus 14,15b), mas recheado de medo, e falsidade. O que realmente eles estavam querendo dizer era: “Jesus, manda essa gente embora, livre-nos deles, senão teremos problemas.” O medo, amados, nos cega ao ponto de não percebermos que estamos sendo falsos. O bonito discurso dos medrosos não passa de uma desculpa para não se envolver com as pessoas que precisam dele. Mas a resposta de Jesus é fantástica: Eles não precisam ir embora. No versículo vinte e um, vemos que havia mulheres e crianças naquela multidão. E em um número considerável, por baixo, podemos dizer que estavam ali presentes, mais de trinta mil pessoas, pois mulheres e crianças não eram contadas à época. Quanto desamor da parte dos discípulos, não? Como eles, que já conviviam com o Senhor já Há algum tempo, poderiam imaginar que Ele despediria homens, mulheres e crianças famintos, à noite, caminhando em vão atrás de alimento, em lugares desertos e em pequenas vilas sem recursos? É sobre isso que Tiago nos fala: Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. (Tiago 2. 15,17). O medo nos cega ao ponto de não percebermos que estamos agindo em desamor. O bonito discurso dos medrosos não passa de uma maneira de se livrar das pessoas e das coisas, complicadas, a nosso modo de ver, o mais rápido possível, sem realmente se importar como elas irão resolver os problemas mais imediatos que as afligem. Jesus combate essa atitude com uma resposta magnífica: “Dai-lhes vós mesmo de comer.” Ao invés de fixarem os olhos na solução (Jesus), os discípulos olharam para o problema (a fome da multidão). Ao invés de atentarem para os recursos ilimitados de Deus, (Jesus- O Pão que desceu do céu), olharam seus míseros cinco pães e dois peixes. Ao invés de olharem para a maravilhosa oportunidade de testemunhar do Grande Amor de Deus, olharam para seus próprios umbigos, preocupando-se consigo mesmos, com medo de se darem mal, ante uma multidão faminta. Isso se chama perda do foco. Sem perceber, eles estavam ofendendo ao Mestre, pois estavam diante de um grande problema, (aos olhos naturais), mas também estavam diante da solução desse mesmo problema, (visto pelos olhos espirituais). Mas por que eles agiram assim? Por causa do medo, e por consequência do medo, a incredulidade. Em outra passagem, Jesus adverte os discípulos, por não terem obtido êxito em expulsar um espírito mudo, dizendo: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos hei de suportar? Trazei-mo. E ele mesmo, expulsa o demônio. O medo nos cega ao ponto de não percebermos que estamos perdendo o foco do cristianismo genuíno. O bonito discurso dos medrosos, não passa de uma manobra para deixar passar as oportunidades que surgem à nossa frente, de testemunharmos do amor, da bondade, e do poder de Deus.
Jesus combate esta atitude dizendo: “Trazei-mos aqui (os vossos poucos recursos eu multiplicarei.) E fará sobrar doze ou muitos mais cestos cheios.
O medo dos grandes desafios que Deus tem colocado à nossa frente nos leva à falsidade, ao desamor, à perda do foco do cristianismo verdadeiro, além de ofender a Deus, nosso provedor. Mas graças a Ele, Jesus sempre age em sentido contrário, fazendo-nos enfrentar as situações e nos incentivando a aproveitá-las para darmos testemunho do amor e do poder de Deus. Soli Deo Gloria.

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